quinta-feira, 16 de junho de 2011

Fungos & outros patógenos que atacam as orquídeas

Pythium , Phytophthora.
Os oomicetos são fitopatógenos terrestres do Reino Stramenopila, Domínio Eucarya que, no passado, eram classificados como fungos. As doenças causadas recebem os nomes comuns de mofo (míldios), ferrugens e podridão causando danos em várias culturas.
Os membros da classe Oomycetos são filogeneticamente distantes dos membros do Reino Fungi e estariam relacionados de maneira mais próxima das algas que dos fungos.
A diferença básica é que os oomicetos têm a presença de celulose na maioria das paredes celulares e os fungos são compostos por quitina. Além disso, os fungos são unicelulares e os oomicetos são dicelulares. Portanto, o fungicida a ser utilizado deve levar em consideração esta característica do patógeno.
A doença está amplamente distribuída por todo o território brasileiro. Em todos os relatos há associação entre ambiente úmido e temperatura elevada, que são as condições ideais para o desenvolvimento do agente etiológico: o Pythium insidiosum (REIS & NOGUEIRA, 2002; SATURIO et al., 2006). Para haver a produção de poros são necessárias temperaturas entre 30 e 40ºC e o acúmulo de água.
A técnica de ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent Assay) tem sido empregada como um método seguro e eficaz para o diagnóstico precoce da doença.
Nome comum da doença: podridão.
Causas: umidade elevada, excesso de água (molhamento) e temperaturas elevadas.
Agente causal: vaso, água de poço ou respingos de plantas contaminadas.
Sintomas: Em plantas adultas a infecção produz nas raízes, haste, pseudobulbos ou folhas uma lesão escura, negra.
Tratamento: Utilizar um fungicida sistêmico nas plantas afetadas, isto é, que combata o patógeno de dentro para fora, a partir da seiva.
Para combater o mofo, os mais utilizados são fungicidas do grupo dos cúpricos [à base de oxicloreto de cobre, hidróxido de cobre, óxido curproso e sulfato básico de cobre (calda bordalesa)].
Também podem ser controlados pelos fungicidas clorotalonil e mancozebe.
Destes, os à base de clorotalonil são mais eficientes.
Obs.: Para evitar a doença deve-se somente irrigar com água limpa e tratada, não proveniente de canais junto ao solo, poços artesanais.

Rhizoctonia – Fungo responsável pela doença conhecida como “damping off” ou tombamento. Caracteriza-se pelo apodrecimento do caule da planta afetada.
Estas doenças fúngicas representam um dos mais sérios problemas da orquidicultura e é causada por dois fungos aquáticos relacionados entre si. São mais agressivos durante os períodos de umidade elevada. Pythium ultimum é favorecido quando predominam temperaturas entre 10 e 22° C e o Phytophthora cactorum entre 10 e 20° C. Os patógenos podem ser introduzidos por meio de vasos contaminados, fontes de água, bem como borrifos de água adjacentes de vasos contaminados. Em plantas adultas a infecção produz uma lesão escura para negra nas raízes, haste, pseudobulbos ou folhas. Para evitar a doença deve-se somente irrigar com água limpa e não proveniente de canais junto ao solo.
Orquídeas colocadas fora do orquidário devem ser mantidas elevadas em pelo menos 0,90 a 1,20 m de altura para evitar respingos. A eliminação rápida de plantas com sintomas e a diminuição do tempo de umidade nas folhas são práticas que reduzem a incidência do mal.

Fusarium oxysporum f.sp. cattleyae - O fungo infecta a planta através das raízes ou de ferimentos nos rizomas de plantas recém divididas. Plantas severamente infectadas morrem dentro de 3 a 9 semanas após a infecção. Entretanto, geralmente as plantas vivem por um ano ou mais em estado de continuo declínio.
O sintoma principal da murcha de Fusarium é encontrado no rizoma na forma de círculo de coloração púrpura na epiderme e hipoderme que inicialmente apresentam feixes vasculares de coloração púrpura clara (xilema e floema).
O rizoma inteiro pode ser invadido e mostrar coloração púrpura. Excepcionalmente os sintomas podem se estender de 2 a 3 cm para cima dos pseudo-bulbos.
Para controlar a doença são necessárias inspeções constantes para verificação da presença de sintomas. Quando presentes, as partes afetadas ou as plantas devem ser descartadas e rapidamente destruídas.

Ferrugens - Sphenospora kevorkianii - Os sintomas iniciais aparecem como pequenas pústulas, de coloração amarelo-laranja, na face inferior das folhas. Essas pústulas de coloração laranja, rompem-se e podem eventualmente, aparecer também na face superior das folhas. Tais pústulas, podem, com o passar do tempo, enegrecer com a idade e se desenvolver de modo concêntrico de forma a lembrar a aparência de um alvo. Somente as folhas são afetadas por esse fungo. Os fungos causadores de ferrugens são caracterizados por altas taxas de reprodução. Assim, ao primeiro sinal da presença de uma ferrugem ou fungo no orquidário é recomendável o isolamento das plantas afetadas.

Mofo cinzento – Botrytis cinerea e Botrytis sp. - Aparece em condições de umidade elevada em temperaturas amenas como pequenas manchas de coloração castanha nas pétalas das flores. Tais manchas ficam recobertas por uma massa pulverulenta de coloração cinza de onde provém o nome da doença. Essa massa é constituída por um grande número de esporos do fungo que com a mais tênue brisa pode se espalhar pelo orquidário, disseminando a doença. A eliminação de flores velhas ou apresentando sintomas do mofo cinzento auxilia no controle do mal.

Antracnose – Colletotrichum gloeosporioides Sua distribuição é mundial, sendo,entretanto, mais frequentes nas áreas tropicais e subtropicais. O fungo pode atacar qualquer parte da planta, sendo mais freqüente nas folhas, especialmente, em plantas injuriadas pelo frio, raios de sol, ferimentos físicos ou plantas enfraquecidas por sistema radicular pouco desenvolvido. Os sintomas iniciais caracterizam-se por manchas de coloração castanho-marrons ou negras sobre as folhas ou pseudo-bulbos. O patógeno é favorecido por umidade elevada, períodos de dia encobertos e com temperaturas amenas entre 10 e 20° C. A eliminação de plantas ou partes de plantas com sintomas, o aumento da luminosidade e a promoção de uma melhor circulação do ar são fatores que cerceiam o desenvolvimento e a dispersão da doença.

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